quinta-feira, 25 de outubro de 2007

"Galera, o choque chegou!"

Na segunda-feira a tarde dois oficiais de justiça chegaram ao campus para a entrega da reintegração de posse imediata. Porém, a próxima Assembléia Geral seria apenas no dia seguinte, então continuamos ocupados. Alguns parlamentares compareceram ao campus e tiveram, na frente dos alunos, uma conversa, via celular, com o reitor da unifesp, Ulysses Fagundes Neto. Nessa conversa o reitor negou-se a conversar com os estudantes, assim como negou o pedido para que não se usasse força policial ao menos até quarta-feira, já que a nossa Assembléia Geral estava marcada para terça a noite. Por ele, a reintegração de posse seria realmente imediata. Da forma que fosse.
Depois de negociações com a juíza que concedeu a reintegração de posse, ela garantiu que não seria usada força policial antes de quarta-feira, ao meio-dia, para que a Assembléia Geral acontecesse. E de fato aconteceu. Mas durante todo o dia vimos carros parados, com pessoas dentro, na entrada da universidade, observando quem entra e quem sai. Os famosos P2.
No início da madrugada de quarta-feira,um rapaz perguntou sobre a Soraia. Mas não havia nenhuma Soraia. Depois o nome mudou para Sheila. Ficou horas na porta esperando por essa moça que, segundo ele, "estudava direito da USP e estava vindo de São Paulo, e ele estava lá para busca-lá, no bairro dos Pimentas". Acreditou? A gente também não.
Cerca de 2 horas da manhã, tum tum tum, pá pá pá, "galera, o choque chegou!". E bota choque nisso. Na imprensa dizem que havia cerca de 130 pms, mas só pode afirmar isso quem ou não esteve lá ou não sabe contar direito. Havia choque nos cercando em todos os cantos, dentro do teatro, em volta do prédio, fechando a entrada da universidade, fechando os fundos, fechando a rua em cima e embaixo. Pouco mais de 40 estudantes, pouco mais de 400 pms. Qualquer forma de resistência seria um massacre.
Deixaram-nos levar alguns colchões para passarmos a noite. E em duas viagens, levar algumas coisas para o Centro Acadêmico. Apenas sete poderiam fazer esse transporte. Escoltados pelo choque. Ao chegar na porta dos C.A.s não nos foi permitido entrar antes de "averiguação e liberação" . O CHOQUE ENTROU NO NOSSO CENTRO ACADÊMICO. E AINDA NOS DISSE QUANDO NÓS PODERÍAMOS ENTRAR TAMBÉM. Nem na escrota desocupação do Lgo. São Francisco o choque entrou no C.A. Sentimento de impotência. Ferida aberta, sangrando.
Depois todos foram fichados no local mesmo. E o vereador Albertão esperando do lado de fora, na parte baixa da rua, impedido de subir. Acontece que ele é da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Veradores de Guarulhos. E mesmo sendo seu direito e dever acompanhar reintegrações de posse para averiguar se não terá abuso, foi impedido de subir. Mudança de postura da PM. Preocupação.
Fomos desocupados, reprimidos e não fomos ouvidos. Mas a luta não pára. Mais uma vez o reitor Ulysses Fagundes Neto tentou calar o Movimento Estudantil. E mais uma vez, apesar das feridas - internas em todos e externas em alguns que ainda não se recuperaram totalmente das agressões dos seguranças - voltamos mais fortes, cada vez mais fortes. Agradecemos a todos que nos apoiaram e a todos que, mesmo com opiniões diferentes, estavam dispostos a participar das Assembléias, a conversar, a debater idéias, pois é dessa forma que construímos um verdadeiro e forte movimento estudantil. E não com repressão.

NAS RUAS,NAS PRAÇAS, QUEM DISSE QUE SUMIU? AQUI ESTÁ PRESENTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL

POR EDUCAÇÃO PÚBLICA, GRATUITA, DE QUALIDADE E PARA TODOS.

5 comentários:

VsemanaHST disse...

Depois de apressadamente transferido para um prédio da UFSC distante do campus universitário, o Conselho Universitário que decidiria a adesão ao REUNI foi cancelado.


Depois de tanta mobilização para que os estudantes estivessem presentes no Conselho Universitário onde quer que ele acontecesse, o cancelamento do mesmo dá algum desânimo. Mas não demora muito para perceber a VITÓRIA que esse cancelamento representa para os estudantes de luta da UFSC.

Promovendo discussões sobre o REUNI, alertando à comunidade universitária sobre os riscos que a adesão traria, participando do Conselho Universitário e registrando a tentativa de golpe do vice-reitor na votação, os estudantes mostraram suas forças e que não engoliriam o REUNI tão facilmente.

O cancelamento do Conselho Universitário de amanhã garante que a UFSC não irá aderir ao REUNI no primeiro semestre de 2008.



Mas a luta não acabou. A UFSC tem até dezembro de 2007 para aderir ao REUNI e começar a receber verbas a partir do segundo semestre de 2008.


Parabéns aos estudantes da UFSC que lutaram tanto para conquistar algo tão significativo para o futuro da universidade pública.
site ufsc: http://www.agecom.ufsc.br/index.php?id=5818&url=ufsc

http://ocupacaoufsc.livejournal.com/

Ocupação da Reitoria disse...

Nós, companheiros da UFC estamos em luta também. Ocupamos a reitoria ontem!!

Vamos nos articular e manter contatos...

Abraços

Dorothy Lavigne disse...

EStamos preocupados com a situação dos colegas da UNIFEST, devido aos ultimos acontecimentos (choque com as autoridades, etc...) Se possivel, pedimos que atualizem mais o blog, para termos mais noticias...

Não esvaeçam, a vitoria é nossa!!!

(Da ocupação UFPR)

Unknown disse...

Companheiras e companheiros,

Parabéns pela força da mobilização demonstrada contra a intransigência e truculência da reitoria, à distância pude notar que não faltou disposição de luta mesmo levando em conta a dificuldade que deve existir em construir o movimento estudantil em um local no qual essa tradição não exista.

Os estudantes das universidades federais desta vez estão na linha de frente, mostrando à sociedade como o projeto de Lula-PT para a educação não se diferencia da mercantilização antes promovida pelos tucanos (com uma dose a mais de populismo, talvez).

Saudações populares e até a vitória!
Eles: vigiar e punir
Nós: OCUPAR e RESISTIR!

Bruno G. Terribas
jornalismo_unesp_bauru

ze rodolfo disse...

Moção de Apoio às Ocupações de Reitoria –
Coletivo Nós Não Vamos
Pagar Nada

O governo Lula demonstra mais uma vez o caráter neoliberal da Contra-Reforma Universitária que tem sido implementada, lançando o REUNI. Essas políticas privatistas, e também eleitoreiras, objetivam a distribuição massiva de diplomas e a manutenção do perfil da mão de obra desqualificada. Entendemos que o decreto chantageia a comunidade acadêmica, precariza a educação superior, retira a autonomia universitária e, principalmente, destrói o tripé ensino-pesquisa-extensão. Por todo o país, os reitores tentam implementar o programa sem realizar debates nos diversos setores da universidade. E muitos aplicaram manobras e golpes desrespeitando a autonomia e democracia.
O movimento estudantil não se calou perante isso. Acompanhamos diversos atos e ocupações de reitorias, como as atualmente ocupadas: UFRJ, UNIRIO, UFRRJ, UFC, UFS, UFES, UNIFESP, UNIR, UFBA, UFPR, UFJF, dentre outras por todo país. Os estudantes demonstraram que não aceitarão ataques à educação pública e não se sujeitaram ao autoritarismo dos reitores.
Ressaltamos que sempre lutamos e continuaremos a lutar por mais verbas e estrutura para as IFES e, principalmente, pelo aumento do acesso à universidade. Entretanto, não enxergamos essa oportunidade no decreto REUNI. Nossa principal bandeira é pela universidade pública, gratuita, ampla, democrática e de qualidade!
Nesse contexto, o coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada se mantém na luta contra a reforma e o REUNI. E, por isso, declara solidariedade e total apoio à mobilização dos estudantes das diversas universidades federais que ocupam reitorias pelo Brasil.

Coletivo “Nós Não Vamos Pagar Nada”- UFF